O termo RADAR foi empregado inicialmente pelos americanos, originado da sigla: RAdio Detection And Ranging (de Detecção e Medida de Distância por Rádio). Mas a sua primeira aplicação ocorreu no Reino Unido.

Eu considero o cientista Robert Watson-Watt o “Pai dos RADARES”.

Sir Robert Alexander Watson-Watt, cientista britânico.

Em 1935, o Ministério do Ar Britânico recebeu a informação dos órgãos de inteligência que os alemães estavam desenvolvendo uma arma eletromagnética, chamada: “o raio da morte”. Seu objetivo era a destruição total de uma aeronave, em pleno voo, a partir da incidência de um feixe de ondas de rádio.

O cientista inglês Robert Watson-Watt foi designado para estudar essa arma, mas rapidamente descartou a aplicação militar dessa ideia para causar danos físicos às aeronaves. Porém, ele sugeriu a utilização das ondas eletromagnéticas na faixa das ondas de rádio para a localização de alvos aéreos. Nascia assim o conceito de RADAR.

Watson-Watt e seu assistente, Arnold Wilkins, tiveram o seguinte pensamento: “Considerando um típico bombardeiro alemão, com asas de metal, da ordem de 25 metros. A estrutura da asa é um refletor eletromagnético fundamental, para comprimento de onda de 50 metros e baixa resistência ôhmica. Dessa forma, utilizando uma fonte emissora e um receptor, seria possível detectar uma aeronave em voo.”

Para validar essa hipótese, eles utilizaram as ondas eletromagnéticas emitidas pela estação de solo da BBC, com a polarização horizontal simples, perpendicular à linha de aproximação de uma aeronave. A potência emitida era de 10kW. A onda incidente nas estruturas horizontais do avião, refletiriam parte da energia incidente na direção da antena receptora. Na figura abaixo, podemos observar os equipamentos envolvidos no experimento:

Experimento de Robert Watson-Watt, em 1935, pintado por Roy Huxley.

O sucesso na aplicação dessa ideia levou ao desenvolvimento dos enormes Radares de Chaim Home, que usava onda eletromagnética na faixa de Rádio Frequência (20–30 MHz), de polarização horizontal. A onda eletromagnética refletida pelo alvo era detectada nas antenas de recepção, que possuíam um mecanismo goniométrico, (medidor de ângulos).

Antenas do Sistema Radar de Chaim Home, 1935-1941.

O Sistema Radar de Chaim Home transmitia um sinal de 350kW, que depois de alguns meses evoluiu para a emissão de 750kW. Os pulsos tinham uma duração de 20 microsegundos, com uma repetição de pulsos de 50Hz, que evitava a interferência mutua.

Antenas do Sistema Radar de Chaim Home, 1935-1941.

Em agosto de 1939, uma aeronave Graf Zeppelin (LZ-130), com equipamentos de reconhecimento eletrônico, detectou os sinais emitidos por Chaim Home e associou o tipo de emissão aos Sistemas Aéreos de Navegação Britânicos, sem atentar à enorme relevância desse sistema para as vitórias da Real Força Aérea.

Referências:

KORDA M. Com Asas de Águia: Uma História da Batalha da Inglaterra. Tradução Maria Beatriz de Medina. Rio de Janeiro: Objetiva, 2011.

GRIFFITHS H. Some Reflections on the History of Radar from its Invention up to the Second World War” James Clerk Maxwell Foundation, Issue No. 8, Spring 2017. Lovell, Echoes of War. Hilger, 1991.

AUSTIN B.A. Precursors to Radar – the Watson-Watt Memorandum and the Daventry Experiment, Int. J. Elect. Engg. Educ., 1999.