O emprego das Medidas de Guerra Eletrônica evoluiu muito durante a Segunda Guerra Mundial, que durou de 1939 a 1945. Alguns conceitos já eram empregados anteriormente, mas nesse conflito, se consolidaram como meios fundamentais para o emprego militar.

Podemos citar os equipamentos de detecção (Radares e Receptores de Sinais), o surgimento das Medidas de Apoio e Medidas de Inteligência (SIGINT – SIGnals INTelligence, ELINT – ELetronic INTeligence, COMINT – COMunications INTeligence); e as Medidas de Ataque (utilizando Chaffs, Interferência e Furtividade).

A Guerra Eletrônica definiu o destino de muitos eventos na Segunda Grande Guerra. Para provar a sua relevância vamos estudar duas grandes Batalhas: o afundamento do Encouraçado Bismarck, na Batalha do Estreito da Dinamarca e a utilização de emissões eletromagnéticas, para detecção de alvos aéreos, na Batalha da Inglaterra.

A Batalha do Estreito da Dinamarca

O Encouraçado Bismarck era o orgulho da Marinha Alemã, um navio de 251 metros, com 20 canhões de 380 e 150 mm, com uma tripulação de 2.200 homens.

Encouraçado Alemão Bismarck

Os alemães confiavam plenamente na alta tecnologia de seus radares, onde podemos destacar o FuMO-23 Seetakt Naval Radar, produzido pela Gesellschaft für Elektroakustische und Mechanische Apparate (GEMA).
Sua inovação era composta por dois arranjos separados: um para transmissão do sinal e outro para a recepção do sinal, nas frequências de 250 à 430 MHz, com um alcance de 14 km e uma cobertura de 30°.

Antenas do Radar FuMO 23 Seetakt, a bordo do Bismarck

No mês de maio de 1941, o Encouraçado alemão Bismarck partiu, de Bergen, na Noruega, acompanhado do Cruzador Pesado Prinz Eugen, para o Atlântico Norte para afundar navios mercantes aliados, visando bloquear a Inglaterra de suprimentos vindos das Américas.

Logo no início de seu deslocamento, ainda no Estreito da Dinamarca, as embarcações alemães foram detectadas por aeronaves de reconhecimentos e navios de guerra britânicos. Os alemães conseguiram interceptar as mensagens do Cruzador HMS Suffolk, revelando a posição das embarcações alemãs a Marinha Britânica.

Cruzador HMS Suffolk e a antena do Radar Type 281

As condições meteorológicas não eram as mais favoráveis para o Combate Naval. Outro navio britânico, o HMS Norfolk, juntou-se ao HMS Suffolk para acompanhar o deslocamento dos navios alemães, através de seus modernos radares tipo 279 e 281, com a capacidade de detectar navios à uma distância de até 24 km, conforme podemos observar no mapa abaixo:

Mapa descrevendo a batalha do estreito da Dinamarca

Esse acompanhamento à uma distância segura, mesmo sobre forte neblina, possibilitou vantagens estratégicas para os britânicos, possibilitando um ataque aéreo contra o Bismarck e no melhor posicionamento de seus navios. As 10h 39 min, do dia 27 MAIO 1941, o Encouraçado Bismarck afundou, com seus 2.200 tripulantes, sendo que apenas 114 foram socorridos pela Esquadra Britânica.

O sucesso do ataque foi resultado do uso correto dos radares britânicos, possibilitando a navegação fora do alcance dos armamentos inimigos, consagrando a utilização de radares nas Batalhas Navais.

A Batalha da Inglaterra

Nos últimos dias de junho de 1940, o primeiro-ministro do Reino Unido, Winston Churchill, declarou: “A Batalha da França está acabada. A Batalha da Inglaterra está prestes a começar”.

Considerando a dificuldade de se invadir o conjunto de ilhas que compõem o Reino Unido, os alemães optaram por subjugar as nações insulares através de uma maciça Campanha de Bombardeios Aéreos.

Através dos bombardeiros Ju 88A-1 e He 111H-1, escoltados pelos caças multiuso alemães Bf 109Es, diversos campo de aviação foram atacados no início do mês de junho de 1940. O objetivo era assumir a supremacia aérea no Canal da Mancha e forçar a Real Força Aérea (RAF) a entrar em combate.

Bombardeio Médio Heinkel HE 111 lançando um artefato bélico

Em 10 de julho, os ataques aéreos aumentaram de quantidade e intensidade, tendo como alvo os navios militares e mercantes aliados e diversos outros alvos na zona costeira da ilha, como quartéis generais, instalações militares entre outros.

A Inglaterra havia construído uma extensa rede de estações de radar, apoiada por controladores de defesa aérea, capazes de guiar os caças britânicos contra os alemães. Essa técnica de interceptação deu grandes vantagens à RAF, permitindo a vitórias no início do conflito. Eram compostas por enormes antenas, de até 360ft (110m) de altura. Essa foi a primeira rede de radares para detecção de aeronaves do mundo.

Air Ministry Experimental Station Type 1 (AMES Type 1)
Controladores de Defesa Aérea Britânicos em 1940

Porém, os alemães perceberam a importância do Sistema de Radar britânico e passaram à atacá-lo sem cessar, intensificando os ataques no mês de agosto, na chamada Operação Águia. No mês de setembro, a percepção alemã foi de que “não era possível derrotar a RAF”, e a Alemanha passou a atacar diretamente a cidade de Londres, a luz do dia, evitando atacar as Bases Militares.

Essa mudança de alvo deu o tempo necessário para a recuperação das estações de radar e da construção de mais aeronaves, aumentando o poder de combate dos ingleses. No fim de setembro de 1940, Hitler desistiu da Campanha de Bombardeios Aéreos, sem assumir sua derrota.